quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sobre Idéias e Pães

Dois caciques, nos anos 70, vieram visitar a cidade de São Paulo. Nesta visita eles fizeram alguns passeios. O passeio que mais mexeu com eles foi à ida ao mercado municipal. O que os chocaram realmente não foi somente o cenário paradisíaco de alimentos acumulados em grandes quantidades, mas sim a contradição dessa imagem: ao meio de tantas comidas um garoto pobre catava verduras e frutas podres, amassadas e sujas.
Intrigado, um dos índios quis saber o porquê daquilo; questionou de varias formas e ao final ouviu como resposta: “Por que aqui é assim!”. Após isso os índios sentiram uma revolta cultural e foram embora.
A intenção desse relato e ressaltar a tarefa do educador. É preciso reinventar na educação, em conjunto, uma ética que valorize a inconformidade docente, afinal, somos educadores por causa da paixão. Mas qual paixão?
A paixão pela inconformidade, paixão pela idéia de tornar as pessoas melhores, paixão pela idéia de obtermos um mundo melhor, ou seja, paixão pelo futuro.
O educador parteja o futuro e procura realizar as possibilidades que a educação tem para ajudar na conquista de uma realidade social com menos desigualdade. Realizar neste caso é tornar real.
A nova realidade precisa de nos educadores para escavar de nossas práticas a procura daquilo que hoje pode ser feito. Portanto precisamos repartir idéias para assim podermos fazer algo. Precisamos repartir o pão.
Nosso tempo, o tempo dos educadores, é este hoje em que já se encontra, em gestação, o amanhã.


Lais Antunes Brunow – Letras